Se tem algo que me assusta sobre os outros, é o modo como as pessoas sempre têm certeza. Os padrões já estão pré estabelecidos há tanto tempo, as regras precisam ser seguidas tão à risca, que diante da menor oportunidade para serem um clichê, se entregam, o fazem sem o menor pudor. Nunca há nenhum questionamento, nenhuma insubmissão, nenhuma ousadia em simplesmente pensar:
” Peraí, mas será que isso tá mesmo certo?”
Conforme os anos vão passando, noto isso de forma ainda mais latente: Amigas chegando na casa dos trinta anos, se envolvendo com homens claramente errados , assumindo o compromisso de terem um filho, entrando em casamentos fadados ao fracasso, tudo, tudo para seguir o cronograma da vida.
É impressionante aliás, como , custe o que custar, ano após ano, mesmo com toda a luta feminina, as mulheres ainda continuem tão reféns do padrão comportamental imposto a nós. Ainda hoje nós somos o homem que está ao nosso lado: Se ele é lindo, status nosso, se ele é inteligente, mérito nosso por tê-lo conquistado. Se ele é bem sucedido financeiramente, mérito nosso por termos possuído beleza tal, que foi possível conquistar o “homem perfeito”. Mas nos orgulhar pelo que nos pertence de fato… Não, fora de cogitação.
É impressionante como a emancipação feminina é criticada, como as conquistas individuais femininas são desencorajadas, ignoradas, como nós nos validamos sempre às custas das “virtudes” do homem que está do nosso lado, como essa ideia de que somos sempre tão dependentes e incompletas é tão massivamente disseminada.
Jamais na vida somos encorajadas a conseguir nosso próprio dinheiro, jamais somos ovacionadas pelas nossas próprias conquistas, e eu vejo mulheres muito fortes colocando tudo à perder, se envolvendo com verdadeiros parasitas, porque foi incutido na cabeça delas a vida inteira, a ideia de que uma mulher só é completa, só é bem sucedida, se ela tiver um homem pra chamar de seu, se ela tiver uma família padrão comercial de margarina. Poucas mulheres questionam esse padrão. Tenho certeza absoluta, inclusive, que muitas aguardaram longos anos pelo “chamado da natureza” e ao notarem que estava ficando “tarde demais” e o tal chamado não vinha, então mesmo sem vontade, engravidaram na marra, assim, só pra cumprir tabela.
Sim, nós somos incentivadas a vida inteira a sermos dependentes emocionais dos homens. Dizem que precisamos casar, precisamos de um homem pra nos ajudar a cumprir nossa “missão” que é ser mãe, mas isso não basta. Nosso capital social é medido pela qualidade do homem que temos. Se esse homem por um acaso tiver dinheiro então, perfeito! Já nem precisamos correr atrás do nosso crescimento pessoal, todo o Status, toda a admiração já está ali, garantida pelo homem que tem “poder” o suficiente pra nos comprar da forma mais ampla que pode haver.E nessa triste história, nem mãe, nem família, nem amigas ficarão do nosso lado.
Se cometermos o despautério de terminar o relacionamento com esse tipo de ” Príncipe encantado”, teremos pela frente, o árduo desafio de preparar nossa mente para saraivada de críticas: Sempre seremos burras, loucas, precipitadas…Nunca mais acharemos nenhum homem igual, nunca chegaremos nem mesmo ao dedo mindinho do rapaz, e tudo isso por que? POR QUÊ?
Porque o cara tinha poder de barganha para nos bancar.
No mercado da vida, nossa independência, nossa inteligência emocional, nossa garra, nosso senso de humor… Enfim, toda sorte de virtude que possuímos, não tem o menor valor. Não interessa o quão fodas somos, sempre haverá diversas amigas pra nos reduzir a nada quando terminarmos um relacionamento com o tal do Príncipe encantado, porque sim, o que o atraiu foi mera sorte, talvez magia negra, nunca, nunca mesmo foi mérito nosso, e mesmo em uma situação em que o cara é tudo, menos o homem que você quer, existe a pressão pra manter o relacionamento, exclusivamente pelo Status de namorar um homem que se encaixa no padrão comportamental tido como ideal. sim, eles querem regular até mesmo o que queremos.
Toda nossa essência, tudo que somos e do que nos orgulhamos, é ofuscado pelo dinheiro que aquele ex namorado, ex marido, pudera nos proporcionar. Ninguém, nem mesmo nossas mães, jamais vão questionar se dinheiro é o que queremos, se amamos o homem de quem estamos do lado, se esse homem nos satisfaz sexualmente, se ele na intimidade nos trata do modo que merecemos e queremos ser tratadas, se nos engrandece como mulheres, se nos oferece a vida que sonhamos compartilhar de fato. E diante de um cenário tão assustador, raramente as mulheres têm a ousadia de insubordinar, questionar…
Resvala sobre todas nós… Todas nós somos culpadas por engrossar o coro do machismo, e somos culpadas inclusive, por ficarmos em silêncio.
Dificilmente a mulher tem a ousadia de perceber que ela merece muito mais do que o dinheiro oferecido pelos outros, que as coisas que ela busca são inestimavelmente mais valiosas do que o que os outros oferecem, que nós temos força e capacidade pra conquistar nosso próprio espaço.
E ninguém é obrigada a querer o Príncipe encantado;
Ninguém precisa realmente do Príncipe encantado.
Posso não ser a mulher que me mandaram ser?
Posso ter outros sonhos? Objetivos? Valorizar outras coisas?
Eu já mandei embora uns vários Príncipes encantados no cavalo branco, e nunca houve arrependimento.
Ter “desperdiçado” isso nunca me incomodou de fato, exceto pelo modo de ter que justificar dez mil vezes, inclusive pra quem eu não deveria ter que justificar nada, que não, eu não preciso de um homem pra aumentar meu capital social;
Que meus valores independem do homem que eu tiver do lado;
Que me dá o maior tesão conquistar meu próprio dinheiro;
Que eu sei que eu sou foda e eu posso me dar ao desfrute de escolher um homem por amor, não por Status e nem por necessidade;
E que, quem sabe, talvez eu não queira um Príncipe. Aliás, caso ele me procure, mande dizer que não estou.
Curtas
Cavalo da Cássia Eller
Malandro mesmo é o cavalo marinho, que finge que é peixe, pra não ter que puxar carroça.
Einstein contava essa na escola
O que o Seno respondeu quando o Coseno bateu na porta do banheiro?
Resposta: TANGENTE!
Sorte Grande
A Esposa pergunta pro marido:
- O que você faria se eu ganhasse na loteria???
Ele responde:
- Eu pegaria minha metade e deixaria você.
- Ótimo!...
responde ela
- Ganhei 12 reais na LOTOFÁCIL, tome aqui seus R$ 6 e some.
Retrospectiva 2014 (1 minuto e 23 s)
(em anexo pra você que não tem Você Tubo)
Assista até o fim para entender
Guerra dos Sexos
Sinalizando clichês e tabus da guerra dos sexos, a designer Yang Liu lançou o livro "Man Meets Woman" onde demonstra através de ilustrações minimalistas as diferenças clássicas entre homens e mulheres e como são percebidas pelo sexo oposto. Dá uma olhada:
Era Espertofoniana
Quem nunca?
Pergunta que não quer calar
Papai Noel chegou